#quartaascinco – Genealogia da cidade

O CENTRAL teve a honra e alegria de receber no #quartaascinco – diálogos interdisciplinares sobre cidades, agora em sua versão virtual, o filósofo e professor da Escola de Arquitetura da UFMG, para uma conversa sobre a origem da cidade. O evento aconteceu no dia 22 de julho de 2020.

O curriculum de Carlos Brandão atesta, pelo volume de ocorrências e pela densidade da obra que vem construindo, a importância dessa visita. Formado como arquiteto e urbanista pela UFMG, cursou mestrado e doutorado em Filosofia pela mesma universidade, com duas passagens, em estágio sênior, por instituições francesas – a Fundation Maison des Sciences de l’Homme e École des Hautes Études en Sciences Sociales em 2010 e, em 2018, um novo período de estudos junto ao CNRS-Paris. Dentre suas publicações se destacam os livros Arquitetura, Humanismo e República: a atualidade do De re aedificatoria; Na Gênese das racionalidades modernas: em torno de Alberti (2 vols); Quid Tum? O combate da arte em Leon Battista Alberti, A formação do homem moderno vista através da arquitetura, As cidades da cidade, A república dos saberes e muitos outros. Carlos Brandão tem sido também, ao longo das suas três décadas de vida acadêmica, um organizador da área de conhecimento em que atua, tendo participado de comitês científicos de instituições brasileiras de fomento à pesquisa, dirigido a Escola de Arquitetura da UFMG, coordenado o seu programa de Pós-Graduação e editado a revista Interpretar Arquitetura, ligada ao grupo de pesquisa, Arquitetura, Humanismo e República que ele criou e dirigiu até 2019.

Com cerca de 40 salas abertas no #quartaascinco, a palestra teve início com a afirmação de que a invenção da cidade criou a condição para a constituição do humano – ou seja, não somos criadores de cidades, mas suas criaturas, pois é apenas na cidade que realizamos nossas potências. E se isso não mais ocorre, se a cidade não mais opera como uma máquina de acumular tempos, memórias, desejos e esperanças não estamos mais no âmbito da cidade e é muito provável que ela esteja em processo de “desinvenção”. O desenvolvimento do argumento de Carlos Brandão nos conduz à constatação de que já vivemos em um outro ambiente, em que predomina, por exemplo, o individualismo – em tudo contrário à dimensão comunitária da cidade.

A intervenção de Carlos Brandão, um estimulante convite ao diagnóstico do nosso tempo, não é, contudo, uma nota desesperançada sobre o que nos aguarda. É um alerta e um convite a que retomemos a razão, os sentidos e nossa experiência antropológica – os principais operadores do tratado de Leon Batistta Alberti – para fazermos de nossas cidades um ambiente que nos prepare para uma vida mais justa e feliz.

Assista aqui a palestra